Destino: Londres. Um casal de namorados que deixa Barcelos sem medo.
São aos milhares os portugueses que rumam todos os anos à capital Inglesa à procura de uma nova vida. Com ou sem trabalho certo, deixam o país à procura do mesmo: independência. A opinião geral é a de que é difícil ser-se independente aqui, em casa. E isso motiva os jovens portugueses a explorar outras opções. Ouve-se nas ruas, qualquer coisa, menos estar parado. E afinal, Londres é já aqui ao pé de casa.
O Emprego Pelo Mundo quis conhecer a vida de dois portugueses que se mudaram de malas e bagagens para uma das maiores capitais europeias, sem rumo certo e com muitas esperanças. Fica a história de Alice Negrão e Hugo Martins, ela 21 anos, ele 23. Ambos viviam em casa dos pais na minhota cidade de Barcelos. Agora vivem juntos e são independentes.
Fizeram-se à vida, ele há quase 1 ano, ela há meio. Contaram-nos que era mais seguro em termos monetários e era mais fácil adaptação se fosse um antes do outro. “Visto que rumamos ao incerto, seria arriscado virmos os dois ao mesmo tempo.”, informa o casal.
De Barcelos à capital Inglesa ficam muitas passos de distância, a que, dizem, se viram obrigados a percorrer por força de um país que vive a meio gás. “Juntámos dinheiro para podermos vir com alguma segurança nos primeiros tempos“, diz Alice. “O mais difícil foi obviamente deixar a família” mas confessam que sentem algum alívio em partir.
O destino foi fácil de escolher: “temos facilidade na língua, é uma cidade que nos dá oportunidades no futuro e fascina-nos a sua diversidade sócio-cultural“. O trabalho também não tardou. O Hugo chegou primeiro e percebeu que era fácil arranjar uma ocupação financeiramente apelativa. A restauração é o caminho mais fácil e é esse o trabalho de ambos.
Os dois trabalham cerca de 8 horas por dia, às vezes 7, às vezes 9. Para o tipo de trabalho que fazem, acreditam que o retorno é “bastante compensador, conseguimos pagar a renda, contas etc e ainda ter uma vida confortável, dentro das possibilidades“.
Em portugal trabalhavam com contratos incertos e salários mirrados, “aqui somos adultos totalmente independentes. Pagamos a nossa renda e as nossas contas, fazemos os nossos próprios orçamentos, vemos coisas diferentes a acontecer nas ruas de Londres todos os dias, ganhamos amizades com pessoas do mundo inteiro e em pouco tempo já crescemos mais como pessoas do que em Portugal a nossa vida inteira“.
Contam-nos que quando percebem que são portugueses, os Londrinos falam logo do vinho do Porto e “adoram o nosso sotaque. Para além disso, ainda querem aprender as nossas expressões“. Para eles, Londres é uma cidade com “tantas culturas que se misturam por aqui”, mas ainda assim nada os choca, talvez até ainda os choque menos que algumas particularidades da cultura portuguesa. Aventuras? Já foram tantas… “umas das mais engraçadas foi ver um casal de portugueses a pedir um “café cheio” ou “full coffee” como eles disseram. Percebemos logo que eram portugueses que ainda não estavam habituados aos cafés daqui“.
VIVER DA ARTE NÃO É SIMPLES
Sim, eles trabalham na restauração, mas são muito mais do que empregados de mesa. Hugo, ou Cálculo, como é conhecido no meio artístico, já trabalha na produção musical (no universo do Hip Hop) há alguns anos. Acredita que a nível musical se podem abrir portas em Londres, especialmente porque não é novo nestas andanças e mesmo em Portugal foi já premiado com o primeiro lugar no concurso de produção musical urbana Urban Beat Battle, em 2010.
“Apercebi-me que é impossível, literalmente, viver da música em Portugal. Infelizmente a cultura em Portugal obriga os artistas a voar mais baixo“. Alice, por sua vez, dedica-se à fotografia com uma responsabilidade que vai para além do hobby e tem em mãos um projecto em mente para o futuro próximo, “mas isso é segredo para já“, remata a jovem.
Hugo e Alice acreditam que o futuro passa por Londres. Ela quer formar-se em fotografia na universidade Londrina e imagina-se a ter um emprego relacionado com isso no futuro. Ele vai finalmente apostar na formação em Produção Musical. Uma palavra aos jovens portugueses? Façam pela vida e não se conformem, porque há todo um mundo fora daí à espera para ser explorado.