Sociedade de consumo, crónica de Rita Damásio
Um mundo de emoções, sensações e interpretações.
Na nossa sociedade de consumo é fácil satisfazer os impulsos. Tens fome, encomendas uma pizza, comida chinesa ou sushi pelo telefone, recebes em casa. Estás entediado, ligaste à internet e pirateias os últimos filmes que estrearam, falas nos chats e jogas Candy Crush. Queres usar uma blusa nova amanhã, vais à Primark comprá-la, usas e no dia seguinte deitas fora. Para a semana vai chover, compras um bilhete de avião low-cost em 3 segundos e para a semana estás a apanhar sol.
Até podes comprar uma licenciatura em 3 anos e ficar loiro em 30 minutos. Satisfação instantânea é o seu lema!
Rapidamente satisfazes os teus impulsos e preenches esse vazio mas também rapidamente esse vazio reaparece. Assim consecutivamente, impulso atrás de impulso, és satisfeito mas nunca estás preenchido por muito tempo já que à priori há um prazo de validade estabelecido.
Existe então um consumo em massa não só de bens e serviços mas também de pessoas e (ou com) relacionamentos. A oferta excede a procura, geralmente de produtos fabricados em série e em nada diferenciados entre si. Para o seu escoamento recorre-se a estratégias de “marketing” agressivas e sedutoras (como os baixos preços).
Desorientadas, confusas e mergulhadas numa espiral de sentimentos dúbios consequentes de um mundo cada vez mais individualista, as pessoas tendem a um consumo impulsivo, descontrolado e frágil. O preço não deve ser o único factor a ter em conta na necessidade de um consumidor. Aquilo que deseja e a sua necessidade deverão ser os factores mais importantes.
Nem todos os objectos fáceis de adquirir e manusear são os mais completos e satisfatórios a longo prazo. Para além de que a rapidez que exige a constante procura por uma novidade traz consigo cansaço e ansiedade provocada pela permanente incerteza.
É preciso deixar que o desejo amadureça e deixe de ser um impulso fugaz para que se invista em projectos rentáveis e resistentes às flutuações do mercado. Deve estabelecer-se uma relação qualidade/preço equilibrada e que gere um bom lucro. Como é óbvio a rentabilidade de cada investimento será determinada pela estratégia adoptada por cada um de nós “gestores”.
É urgente arriscar no “projecto” de desejo, nem que seja a fundo perdido.