É tempo de mudar de direção
Após horas investidas no envio de candidaturas a emprego e das respostas negativas, percebo que talvez seja altura de mudar de estratégia, de direção. Procurar lugares onde o meu perfil é adequado em vez de adequar o meu perfil a um lugar que, talvez, não seja o mais adequado.
ONTEM abri a conta de e-mail e tinha uma nova mensagem com o assunto: resposta a candidatura de emprego. Já tinham passado alguns dias após o envio e a verdade é que não identifiquei de imediato a que posição de trabalho se referia.
Antes de fazer o famoso clic e abrir a mensagem, um nervoso miudinho instalou-se. Mesmo sem querer, preparo-me para as duas únicas respostas possíveis nestes casos. Protego-me ao pensar que é mais uma resposta negativa. Mas a esperança, que acho que nunca morre, salta para me lembrar que, se tiveram o “trabalho” de me responder é talvez para comunicar algo positivo. E continuo a aproveitar o fervor momentâneo da esperança e imagino-me a viver “naquele novo lugar” e a sentir a adrenalina de começar uma nova etapa em novas funções. E é neste estado que faço o tal clic, que a curiosidade me impulsa.
Os meus olhos dirigem-se para o final do texto, onde está a verdadeira resposta. E leio Infelizmente,…. As ilusões dispersam-se nesse preciso momento, sinto-me a colocar os pés no chão, a aterrar no mundo real. A esperança foi para o lugar dela, lá onde pertence.
Não tenho vontade de ler o inicio da resposta, apenas penso na quantidade de tempo investido naquela candidatura.
Existem candidaturas que testam a motivação do candidato pela sua exaustividade e detalhe solicitado. Cada instituição inventa os seus formulários nos quais é preciso contar a nossa vida desde a escola primária. Solicitam justificação para cada competência requerida e obrigam-nos a realizar um exercicio de memória exaustivo. Que resulta em acordar a meio da noite, em sobressalto, pois esquecia-me de que em alguma experiência anterior tinha sido responsável pelo relatório mensal de determinado projeto. E… a palavra responsável poderia mudar tudo. Mas, como dizia, o tempo dedicado a uma candidatura pode ser elevado e, consequentemente, a confiança em obter uma resposta positiva é proporcional à adequação da candidatura e tempo investido .
HOJE, já ultrapassada a fase de desânimo de mais um “não”, resolvo rever o e-mail e apenas ler, sem o êxtase da esperança.
E, tal como outras respostas negativas, esta segue o mesmo padrão. Resolvem, em primeiro lugar, proteger a minha confiança afirmando que a candidatura recebeu a máxima atenção e que a minha experiência é considerável. Que a candidatura esteve entre as melhores, MAS existem perfis mais adequados às necessidades da função. E, em seguida, o típico infelizmente não podemos considerar a sua candidatura para o processo. E, para terminar, têm a ousadia de me enviar os melhores desejos e sorte do mundo (o típico all the best) para a minha procura de trabalho. Como se fossem os meus melhores amigos!
Em resumo, consigo perceber que com a minha candidatura realizam um processo de marketing para que eu, e suponho outros alvos de um “não”, fiquem com uma imagem positiva de uma instituição que “se preocupa”.
Pessoalmente, não preciso que me digam as minhas competências ou o que já fiz bem, pois já tive tempo de reflectir sobre o assunto durante o processo de centenas de candidaturas enviadas. Não preciso de proteger a minha confiança profissional, pois consigo discernir o que sei fazer bem, o que posso melhorar ou aquilo que não faço ideia como se faz. Apenas preciso que me expliquem o que quer dizer “não ter o perfil”, se tenho as competências.