Criatura mágica, crónica por Rita Damásio
Um mundo de emoções, sensações e interpretações.
Tem asas cobertas por magníficas matizes e nuances de cor que se intensificam com o sol, movimentam-se de forma serena abrindo e fechando num ângulo grande, pausado e consistente.
Por baixo esconde uma pele translúcida onde se veem todas as suas veias assim como todos os seus orgãos. O seu coração palpita à vista.
Voa por cima da cidade e observa durante horas nos parapeitos das janelas. Sobrevoa paisagens a perder de vista e faz círculos perfeitos em volta de árvores. Cria quadros vibrantes de cor por onde passa.
Nasceu para voar e sempre que o frio gélido se aproxima ou o vento forte a impede de bater as asas, deixa-se consumir nas próprias chamas para depois renascer das suas cinzas. Deixa-se abater sobre a sua desgraça não na condição de se render mas porque aceita voltar a nascer.
Ela é capaz de ver o Nada, sentir o vazio e conhecer a morte para viver uma outra vez.
Ela não deixa que o medo da desilusão supere o medo da solidão por isso morre apenas para se encontrar.
Não voar é a única coisa que a pode impedir de “morrer” mas essa opção não faria dela um mito.
A fénix é conhecida como uma criatura mágica porém nós também guardamos o seu dom “sobrenatural”. Temos o poder de nos renovarmos através das cinzas e ganharmos vida após o fogo.
Isso não faz de nós seres imortais mas tem a capacidade de transformar as nossas histórias em narrativas mitológicas!
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