Guia detalhado: Trabalhar e viver na Noruega
Considerado o país com maior qualidade de vida pela ONU, a Noruega é cada vez mais um destino procurado por aqueles que procuram boas condições de vida e salários atractivos. Localizada na parte ocidental da Península Escandinava, a Noruega é um dos poucos países que mantém um sistema social que prevê a saúde universal, um ensino superior altamente subsidiado bem como um regime geral de providência social. Detém, como foi inicialmente referido, o Índice de Desenvolvimento Humano mais alto do mundo e foi considerada pela ONU, em 2009, como o “melhor país do mundo para se viver”. As recomendações parecem ser boas, mas não ficam por aqui. Pelo quinto ano consecutivo, o país foi considerado como o “mais democrático do mundo”, segundo o Índice de Democracia 2014 publicado pela The Economist Intelligence Unit, já no corrente ano de 2015. Entusiasmado? Venha saber mais.
Está a pensar em ir para a Noruega e começar uma nova fase na sua carreira? Informe-se com este nosso guia “Trabalhar e viver na Noruega” e vá mais preparado.
Politicamente baseada numa monarquia constitucional, a Noruega não pertence à União Europeia mas mantém ligações próximas com os principais países ocidentais. Partilha fronteiras com a Suécia e, no seu topo norte, com a Finlândia e a Rússia e detém uma extensa linha costeira que abrange o Atlântico Norte e o Mar de de Barents. O Rei, uma figura meramente representativa, é o Senhor Haroldo V e a chefia do governo está actualmente a cargo da Senhora Erna Solberg. Com uma população a rondar os 5 milhões de habitantes, conta com o 4º PIB per capita mais elevado do mundo, sinal do estado de desenvolvimento do país.
- População – 5 milhões
- Capital – Oslo
- Moeda – Coroa Norueguesa
- Membro da UE – Não
- Lingua oficial – Norueguês
- Fronteiras – Suécia, Finlândia e Rússia
A Noruega não pertence à União Europeia mas integra o Acordo Schengen, pelo que qualquer cidadão português pode livremente visitar e trabalhar na Noruega, desde que por um período inferior a 90 dias. Não é necessário passaporte para entrar no espaço norueguês, pelo que o Cartão de Identificação é suficiente. Para permanecer além dos 90 dias, terá que encontrar um trabalho, pelo que depois poderá pedir um visto de residência ou trabalho aos serviços de emigração. O visto é gratuito e permite várias facilidades.
Todo o cidadão residente na Noruega tem direito a:
- Mudar livremente de emprego e ter mais do que uma entidade empregadora simultaneamente;
- Trazer a família para a Noruega (os membros da família também têm que se registar);
- Após cinco anos na Noruega, o cidadão pode pedir um visto de residência permanente.
E se, de repente, ficar desempregado?
1) se trabalhou durante pelo menos um ano na Noruega e não foi despedido por justa-causa, pode continuar a procurar emprego por um período indefinido.
2) se trabalhou durante menos de um ano e não foi despedido por justa-causa, pode viver na Noruega durante mais seis meses, período pelo qual tem que encontrar novo emprego.
3) se estiver incapacitado de trabalhar devido a doença ou acidente, pode continuar a viver na Noruega por tempo indefinido.
Não será propriamente pelo gélido clima continental que a Noruega se traduz como um dos países mais atraentes do mundo para quem procura uma oportunidade noutro país, mas sim pelas suas oportunidades de emprego que prospectiva uma alta qualidade de vida. As perspectivas salariais são elevadas, com as remunerações médias a rondarem os 4 mil euros brutos, chegando aos 8 mil para profissões qualificadas como Engenheiros, com cerca de 35% deste valor a ficar, no entanto, retido na fiscalidade. Em caso de doença, tem direito a baixa médica durante um ano, recebendo o salário por inteiro. A licença de maternidade dura um ano, onde é pago 80% do salário. Já no caso da paternidade, dura três meses e o salário é pago por inteiro.
Num país onde a taxa de desemprego pouco ultrapassa os 3 pontos percentuais, o recrutamento de Engenheiros é um dos principais atractivos desta nação escandinava, seguido de profissionais ligados ao Marketing e à Economia. A legislação norueguesa apenas prevê um máximo semanal de 37.5 horas de trabalho, sendo qualquer minuto extra obrigatoriamente pago aos trabalhadores. Por ano, o trabalhador tem direito a 25 dias de férias (ou 30, se tiver mais de 60 anos de idade).
Entusiasmado? Basta pegar no seu CV em inglês e começar a procurar. Onde? Deixamos uma lista de sites que o podem ajudar:
- www.empregopelomundo.com
- www.nav.no
- www.workinginnorway.no
- www.legejobber.no
- www.karrierestart.no
- www.tu.no/karriere
Como nas restantes nações escandinavas, a Noruega é um dos poucos países mundiais que mantém um sistema social baseado na providência. Quer isto dizer que o estado Norueguês garante que todos, sem excepção, tenham acesso gratuito à saúde, educação, bem como a outras regalias sociais consideradas básicas. No entanto, estes serviços inteiramente gratuitos são pagos pelo labor dos cidadãos que, todos os anos, descontam parte do seu salário que a sociedade se auto-regule. Assim sendo, a carga tributária é elevada e pode atingir os 36% do salário bruto de um trabalhador.
Seguindo os valores da equidade social, quanto maior for o seu salário, maior será a listagem de descontos retidos na fonte. Ao trabalhador, apenas chega o montante líquido do salário, sendo toda a carga tributária paga directamente pela entidade patronal ao estado.
Os impostos são elevados e podem atingir 36% da sua massa salarial mas o estado garante serviços relacionados com educação, bem como um sistema público de saúde completamente gratuitos.
Se está a pensar ir para a Noruega sem ter garantido já um emprego garantido prepara-se, dado que o elevado custo de vida pode ser um entrave inicial bastante degradável. De facto, o custo de vida do país é altíssimo quando comparado com a realidade portuguesa, algo que se reflecte na habitação. Dificilmente encontra um T1 por menos de 1000 euros mensais, sendo ainda exigido dois a três meses pagos ao princípio. Por um quarto, dificilmente se encontra por menos de 500/600€ mensais.
Tendo em conta os elevados salários, estes preços são considerados “normais” para quem já trabalha na Noruega. Para quem vai sem garantias, estes preços exigem uma reflexão prévia.
Pode estudar o mercado de habitação a partir dos seguintes links:
Quando encontrar casa, prepara-se para pagar dois a três meses de adiantamento. A Noruega é um destino atractivo mas precisará de algum conforto financeiro para se aventurar no país.
O sistema educativo norueguês é gratuito e obrigatório para todos os jovens com idade compreendida entre os 6 e os 16 anos. O sistema divide-se em três partes: Ensino Primário (Barneskole, obrigatório dos 6 aos 13 anos), o ensino secundário inferior (Ungdomsskole, obrigatório dos 13 aos 16 anos), e o ensino secundário (Videregående Skole, dos 16 aos 19 anos).
Ensino Primário (Barneskole)
Onde tudo começa. As crianças são introduzidas ao sistema educativo e passam o primeiro ano a desenvolver-se com jogos educativos, estruturas sociais, aprendem o alfabeto, algumas habilidades matemática básicas e são introduzidos à língua inglesa. Nos anos seguintes, enfrentam um ensino multifacetado, onde a matemática, o norueguês, o inglês, a ciência, a estética, o desporto e a religião (todas as religiões são abordadas por igual) são uma realidade, complementadas no último ano do ensino primário pela geografia, história e outros conhecimentos sociais. Durante o ensino primário, os alunos não enfrentam qualquer tipo de avaliação quantitativa, apenas são sujeitos a comentários por parte dos professores que analisam o desenvolvimento do estudante.
Ensino Secundário Inferior (Ungdomsskole)
Será o nível que corresponde ao 2º e 3º ciclos em Portugal. Nesta fase, os alunos noruegueses enfrentam, pela primeira vez, avaliações quantitativas que vão definir o seu percurso mais tarde. Para além das disciplinas habituais no plano de estudos dos países ocidentais, há ainda uma aposta muito grande nas línguas, sendo disponibilizado o alemão, francês e o espanhol, bem como níveis técnicos de inglês.
Ensino secundário (Videregående Skole)
O último passo antes do ensino superior. Não é obrigatório mas é frequentado por uma esmagadora maioria dos estudantes noruegueses que o frequentam até aos 19 anos. Na Noruega, o ensino secundário público é frequentado por 93% dos estudantes, com apenas 7% a optarem pelo ensino privado.
Ensino Superior
A Noruega tem 6 Universidades, para além de institutos superiores especializados, faculdades públicas e institutos de ensino privados. O país providencia todos os programas educativos habituais, sendo necessária a conclusão do ensino secundário para poder integrar o ensino superior. Regra geral, os estudantes não pagam qualquer tipo de propinas ou mensalidades para frequentar o Ensino Superior.
Tal como em todos os países escandinavos, a grande maioria da população norueguesa domina o inglês. No entanto, será certamente valorizado no mercado de trabalho local se dominar o norueguês (sueco ou dinamarquês, pela sua semelhança, também são valorizados) e sentir-se-á mais confortável no país. Até por isso, são muitas as empresas que oferecem cursos de norueguês a trabalhadores estrangeiros.
Caso parta da sua iniciativa, fique a saber que a mensalidade de um curso de norueguês pode perfeitamente atingir valores a rondar os 500 euros mensais, pelo que não será de descurar tirar um curso ainda em Portugal, caso haja essa possibilidade.
A grande maioria dos noruegueses é fluente em inglês mas o conhecimento (ainda que básico) da língua local valoriza-o no mercado de trabalho.