Hugo Poge – Islândia – Reykjavik
Hugo Poge – Islândia – Reykjavik
1 – Gostaria de saber a sua idade, naturalidade e percurso académico.
Tenho 38 anos. Tirei o Curso de técnico de Artes Gráficas na escola Profissional Val do Rio-Oeiras, depois fui trabalhar e anos mais tarde fui para a Faculdade Lusófona tirar Design de Comunicação.
2 – Desde quando vive na Islândia e por que decidiu ir?
Estou na Islândia desde Janeiro de 2011. Decidi vir para cá pois a minha mulher é Islandesa. Após alguns anos a vivermos em Esposende, vimos que era a altura correcta para irmos para a Islândia, pois tínhamos uma filha com um ano e na Islândia tudo é mais calmo e seguro. Ficando assim com mais tempo para a família.
Para alem disso tive a oportunidade de continuar a trabalhar a partir de la. O que agradeço, pois nem todos os empresários teriam esta atitude.
3 – Foi sempre seu desejo viver/trabalhar fora de Portugal ou tratou-se de uma necessidade?
Na realidade sempre tive oportunidade de viajar primeiro com os escuteiros e amigos e mais tarde por trabalho. E isso foi alimentando o desejo de sair de Portugal e conhecer o mundo.
4 – Em que projeto é que está envolvido ?
De momento continuo a trabalhar para uma marca Portuguesa a ONDA onde sou responsável por todo o Product develop dos fatos de surf, para além disso sou responsável pela Sportdream, uma loja multimarca. Tudo a partir daqui, regularmente vou 3-4 vezes a Portugal e 1-2 à China para colocar e controlar a produção.
5 – Foi difícil arranjar emprego e como conseguiu ?
Nunca procurei pois como disse tenho trabalho em Portugal que me ocupa todo o tempo, Mas pelo que tenho conhecimento se tiver formação e se falares Inglês e tiverem disponíveis para aprender todos os dias um pouco de Islandês as coisas acontecem naturalmente.
6 – Conhecia alguém na Islândia que tenha ajudado na sua integração?
No meu caso não foi necessário uma vez que a minha mulher é Islandesa.
Mas há sempre a necessidade de conhecer outros Portugueses. Posso dizer que tive a sorte de conhecer o Paulo Cardoso um Português que já cá estava à mais de 15 anos, e por último através do bodyboard o Jacinto Monteiro. É sempre bom ter 2 ou 3 Portugueses para falar, ver futebol e sair um pouco.
7 – Foi difícil a adaptação a um novo país, a uma nova forma de estar na vida e no trabalho?
Ao princípio é mais complicado mas como sou “Open mind” rapidamente me adaptei. Há algumas diferenças mas penso que para melhor. São mais efectivos a trabalhar por isso trabalham menos horas. E que te dá mais tempo para ti e para a família. E como eu também sou assim a trabalhar ajudou.
8 – O que gosta mais no país onde está?
O que gosto mais sem duvida é da natuzera, a Islandia tem um Land scape incrível para mim é único.
Gosto da Capital pois tem caracteristicas muito próprias, muita cultura e design. Para além disso, da neve e das ondas pois sou um apaixonado por snowboard e bodyboard. Gosto também do verão pois os dias são “gigantes” e anda tudo bem disposto.
9 – Que visão tinha da vida dos emigrantes antes de partir da Islândia e que visão tem agora?
A minha visão continua muito idêntica, pois a meu ver continua a haver 2 realidades.
Por um lado continua a haver imigrantes que trabalham de sol a sol para juntar e que vivem em quartos ou em casas com poucas condições e que pouco ou nada se integram na nova sociedade. Por outro lado imigrantes que muitos deles começaram por vir estudar e que hoje ocupam bons lugares em empresas top. E que desenvolvem já associações, cursos de Português, equipas de futebol. No geral o Português é bem visto como pessoa e como trabalhador.
10 – Vai continuar a viver na Islândia? Gostaria de trabalhar/viver noutro país? Qual? Porquê?
Para já vou continuar por aqui, até porque vai nascer a minha segunda filha para a semana e aqui. Penso ficar por mais uns tempos pelo menos até elas irem para a escola.
A qualidade de vida, a segurança para as crianças e o tempo que tens para ti e para a família para já são os factores principais para querer continuar.
Gostava de trabalhar na China pois como já tive a oportunidade de ir lá em trabalho 15 vezes. É um país em puro desenvolvimento. E com muita oportunidades de trabalho para os europeus.
11 – Com que frequência vai para Portugal e o que pensa da situação económica do país?
Eu vou a Portugal 3 vezes em média. Quanto a situação económica penso que vai piorar este ano. Mas é o reflexo da UE e dos Estados Unidos da América.
Portugal acaba por estar a pagar duas facturas:
Uma, a de não ter políticos competentes já a algum tempo. Muitas dessas pessoas competentes estão fora de Portugal ( e o que vimos é que quando voltam nem sempre são bem recebidas o que é uma pena (ver alguns dos últimos ministro e secretários de estado) que depois são afastados com o falso argumento que não conhecem a realidade Portuguesa.
E a segunda porque a UE quis uniformizar a Europa toda, quando a mesma é bem distinta e em tudo.
Desde que cada pais produz na agricultura e industria, até aos salários mínimos…Pessoalmente penso que ainda faltam fechar 30% das empresas em Portugal.
Hugo Poge|Emprego Pelo Mundo