Mauro Almeida: cinco países, oito clubes e o sonho realizado de ser jogador profissional de futebol
Emigrar em busca de novas oportunidades na área do futebol profissional é uma constante na vida de Mauro Almeida, que desde os 22 anos já percorreu cinco países e oito clubes internacionais. Actualmente com 32, encontra-se em Angola, a jogar pelo Sagrada Esperança.
“Como profissional de futebol que sou e sendo este mundo do desporto um mercado tão vasto e ao mesmo tempo tão competitivo e onde a oferta é muito superior à procura temos que estar abertos a todo o tipo de hipóteses, desde que essas hipóteses sejam para teu benefício e das quais possas colher frutos”, partilhou Mauro Silva, explicando que se considera já “calejado nestas andanças”.
E menos não seria de esperar de um jovem que desde cedo se aventurou pelo estrangeiro e nunca desistiu do sonho de ser jogador profissional. “Sair do nosso país nunca é fácil e implica ter muita coragem, força de vontade e mente muito aberta, penso que esse é o principal factor, ter uma mente aberta”, aconselha Mauro, que se baseia e segue o lema de vida: “Se queres realmente uma coisa, seja ela qual for, corre atrás dela que um dia vencerás!”
Mauro partiu, em 2004, rumo à de cidade de Zwolle, na Holanda, para representar o clube local e essa primeira experiência no estrangeiro durou até 2006, ano em que partiu para a Bulgária, rumo a um novo desafio, desta vez “uma experiência tão negativa” que o jovem de nacionalidade portuguesa “prefere nem falar”. Mas o regresso ao “sonho” demorou apenas meio ano, já que, em 2007, o profissional jogava já pelo Accrington Stanley e de seguida pelo Swindon Town, ambos em Inglaterra. Os três anos seguintes foram passados na República da Irlanda, a marcar pelo Sligo Rovers e a partir de 2011, já no continente africano, primeiro no Inter Clube de Luanda e em 2012 no Nacional de Bangela. Actualmente é o Sagrada Esperança, no Dundo, em Angola, o clube que representa, mais do que mais uma experiência no mundo do futebol, a “consequência de todo um trajecto profissional”, refere.
Encarando a ida para Angola “com alguma desconfiança, mas também com uma mente muito aberta”, ajudou o jogador a adaptar-se “rapidamente a uma realidade completamente diferente”. Sem conhecer ninguém em Dundo, nem quando chegou a Angola e com o receio de que só existissem “coisas más”, Mauro Almeida conta que encontrou “muitas coisas e muita gente boa” e que a adaptação se tornou “bastante fácil e rápida”.
Quando questionado acerca do que é mais difícil deixar para trás, Mauro não hesita em responder “naturalmente a família”. Comprometido desde 2002, “com uma mulher maravilhosa”, que conheceu em Viseu, cidade de que é natural e pai de um menino de cinco anos, o jogador pensa em regressar a Portugal “num futuro breve”, pois esse seria o “cenário ideal” para a vida familiar de Mauro Almeida. No entanto, o jogador mantem consciência de que “Angola é um país em constante evolução e de muitas oportunidades neste momento”.
Apesar de se considerar “um privilegiado no que toca a condições e qualidade de vida” em Angola, uma vez que o clube as tenta proporcionar aos jogadores, Mauro explica que “as condições de trabalho não são as ideais” e que “qualidade de vida existe, mas só para alguns, aqueles cuja capacidade financeira é elevada”. “A falta de educação, a falta de recursos ao nível da saúde e a muita pobreza que se faz sentir em grande parte do país são os factores mais negativos”, conta, acrescentando que são esses mesmos factores pelos quais a família não o acompanha nesta aventura em Dundo.
O jogador profissional relatou ao Emprego pelo Mundo que “a educação em Angola tem melhorado de ano para ano mas infelizmente ainda está longe de chegar aos níveis da Europa” e que “uma educação boa é sinónimo de gastos muitos consideráveis” e, por isso, o casal teve de optar pela separação, para poder oferecer a Martim, o filho do jogador, uma melhor educação em Portugal.
Mesmo apesar das adversidades, ao longo da entrevista, o jovem jogador nunca se mostou desanimado, repetindo convictamente que “emigrar em busca de uma vida e de um futuro melhor, para poder dar à família condições melhores de vida” é e sempre será uma constante na sua vida.