Marionetas dos sentimentos, crónica por Rita Damásio

Um mundo de emoções, sensações e interpretações.

A vida “ensinou-me a sobreviver” aos meus próprios desejos e aos erros que por eles cometo.
Por isso sou movida por cordéis invisíveis que controlam a minha vontade e prendem os meus movimentos. São finas fibras que comandam a minha razão, imobilizam os meus gestos e constringem as minhas emoções.

E assim assumo diferentes formas e cores que escondam a minha nudez, sempre que me falta a sensatez. Enrolada num novelo de imposições, cheio de consequências de um passado inconsequente que com pequenos acertos vou tentando consertar.

Em ti ficam marcadas cicatrizes por cada minha atitude ou ausência dela, pelo silêncio e pelas palavras. Todas elas rejeições de uma parte de mim que não aparece. Por cada gesto enfrentas uma derrota. Deixo um rasto de mágoa, desamor e recusas, memórias pouco doces e ilusões que são verdadeiras.

Será melhor fugires?
Sim. Esconde-te de mim. Não te posso dar aquilo que ainda não encontrei. Tu devolves-me a verdade e enches-me a alma de pureza ao injectar-me ingenuidade. Em troca só te devolvo mentiras e personifico máscaras.
Não. Por favor ajuda-me. Rasga os disfarces que me tapam. Arranca a minha capa. Expõe-me. Devolve-me a mim própria!
Afinal somos todos e apenas marionetas dos sentimentos.

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