Susana Silva está a realizar um GlobalMBA: “Determinação é a palavra-chave”
Susana Silva, de 22 anos, está a realizar um GlobalMBA, um programa que confere grau de Mestre em duas áreas, Gestão Internacional e Comunicação Intercultural. A formação implica a passagem por quatro universidades diferentes, sendo elas em quatro países distintos. De momento, a jovem licenciada em Gestão e pós-graduada em Relações Internacionais pela Universidade do Minho vive e estuda em Varsóvia.
Susana Silva, uma apaixonada pela descoberta e aventura, não hesitou duas vezes quando tomou conhecimento deste programa. “O contacto com outros países, outras culturas, outros estilos de vida é algo que quero experienciar nos próximos anos”, conta a própria ao Emprego pelo Mundo.
Em 2012, quando Susana estava a realizar o seu último ano da licenciatura, decidiu fazer Erasmus na Universidade de Varsóvia e foi lá que tomou conhecimento do GlobalMBA. Esta instituição, juntamente com a universidade alemã Cologne University of Applied Sciences (CUAP), a universidade chinesa Dongbei University of Finance and Economics (DUFE) e com a universidade norte-amerciana University of North Florida (UNF), formam a parceria que torna este programa possível e único.
Os estudantes ficam um semestre em cada uma das universidades, sendo que o programa inicia-se na Alemanha, depois os estudantes seguem para a Polónia, posteriormente para a China e por fim para os Estados Unidos, onde realizam o trabalho final. Susana é a única portuguesa que está a realizar o MBA.
O que a motivou a realizar este programa foi a sua vontade de viajar e de conhecer o mundo, não culpando, assim, a falta de oportunidades em Portugal. Contam-nos: “Claro que a elevada taxa de desemprego jovem e as escassas oportunidades oferecidas afetaram a minha decisão, mas mesmo que num futuro próximo as condições em Portugal mudem o meu objetivo é emigrar.”
A jovem, natural da cidade de Guimarães, confessa que deixar a família e amigos não lhe “custou muito”. Adiante que o seu maior aliado “é o fenómeno da globalização”, uma vez que estamos à distância de um clique, de uma chamada telefónica, de uma videochamada no Skype, de uma mensagem no Facebook ou no Whatsapp.
“Claro que a presença da família, o carinho dos amigos e a comida da mãe não são substituíveis, mas faz parte da vida, faz parte de um sacrifício para atingir um bem maior, e a vida é feita de sacrifícios, se fosse fácil não teria o mesmo interesse”, acrescenta. Contudo, apesar do otimismo e da sua vontade, Susana não esconde que será mais difícil de suportar a saudade quando estiver na Ásia ou na América.
Alemanha: as diferenças entre o Ocidente e o Leste
Nos últimos quatro meses, a vimaranense esteve a viver na Alemanha. Uma vez que nunca tinha estado antes no país, Susana foi surpreendida pela positiva. Explica-nos: “Como muitos, a minha ideia da Alemanha assentava num país com uma adoração tremenda por regras, leis e rigor, sem atrasos ou demoras, organização acima de tudo. Desde os atrasos em todos os tipos de transportes públicos, repetidas greves nos mesmos, até com os professores. Mas a exceção não faz a regra!”
Susana também criou a ideia que “os habitantes fossem frios e distantes”, mas pela sua experiência as pessoas revelaram-se simpáticas e extremamente prestáveis. A jovem estudante realça ainda como positivo o facto de “praticamente toda a gente falar inglês”.
Antes de partir para a Alemanha, Susana não conhecia ninguém. O único contacto que tinha era dos seus futuros colegas de turma através das redes sociais. Mas esse facto tornou a aventura “ainda mais excitante”.
O primeiro contacto com os seus 26 colegas foi positivo. Sendo a única portuguesa (os restantes são nacionais dos países que o programa abrange), Suana sente-se por vezes uma “outlier”, uma vez que todos têm os seus “grupos nacionais” e a certa altura do programa estarão todos no seu país de origem. “Sou a única que nunca está no seu país, mas também sou a única a estar sempre fora da zona de conforto, podendo disfrutar mais amplamente desta experiência internacional”, explica.
Na Alemanha os salários são bons, tornando o nível de vida mais elevado, comparativamente com Portugal. A empregabilidade dos jovens é garantida na Alemanha, tendo ou não curso superior. Susana conta que algumas das suas colegas alemãs, ao contrário de si, tencionam regressar ao seu país no final do curso, uma vez que o emprego é garantido, bem como o salário elevado.
Contudo, a Alemanha também tem as suas assimetrias e Susana percebeu que na parte oriental do país há menos pessoas a viver e menos gente a querer trabalhar nessa parte do país. Aliás, mesmo após os 25 anos da queda do Muro de Berlim muitos alemães do leste têm tendência para se mostrarem contidos perante a parte ocidental.
Estes sintomas, que a cada dia se fazem sentir com mais frequência no país (como as manifestações do movimento populista do Pegida, por exemplo), são o resultado do processo inacabado da reunificação alemã.
Uma Polónia diferente
Susana encontra-se atualmente em Varsóvia. Como já tinha estado no país ao abrigo do programa Erasmus, já sabia o que lhe esperava. Contudo, o país surpreendeu-a pela positiva Se há dois anos a barreira linguística foi difícil de ultrapassar, hoje, a jovem de 22 anos depara-se com pessoas que falam inglês em todos os locais.
A história da Polónia deixou marcas profundas nas pessoas. A Polónia é um país com uma classe baixa muito elevada. Além disso, as pessoas “não são muito simpáticas”. Segundo Susana, ao contrário da Alemanha, o país não tem muitos imigrantes e os seus colegas polacos tencionam regressar à Polónia mal acabem o curso, uma vez que, à semelhança da Alemanha, a empregabilidade jovem é garantida.
Com este programa as portas multiplicam-se
Susana afirma que com esta experiência o mais valioso que se leva é o “contacto com diferentes culturas e obstáculos tanto a nível pessoal como académico”. Acredita ainda que “qualquer formação que nos tire da nossa zona de conforto e que nos obrigue a lidar com questões que não iriamos encontrar na nossa atmosfera doméstica só nos enriquece”. Além disso, o próprio MBA é enriquecedor no sentido de contactar com diferentes professores, universidades, países e com as distintas formas do contexto organizacional e de trabalho.
A estudante afirma que o essencial, numa experiência deste género, é manter uma mente aberta. “Quantas vezes não dei por mim surpreendida perante histórias e atitudes de culturas diferentes das nossas, e ainda hoje, ao fim de quase cinco meses a conviver com estas mesmas pessoas continuo a aprender coisas novas todos os dias e isto deve-se principalmente ao facto de partilhar casa com essas mesmas pessoas”, conta.
Susana diz que só deve seguir este género de experiência pessoas que tenham a certeza que é isto que querem. Conta-nos: “quando te comprometes a viver um ano e meio no estrangeiro, a mudar de casa, cidade, país a cada três ou quatro meses não pode haver margem para grandes dúvidas existenciais; claro que desistir é opção mas nesse caso não tiras proveito daquilo que a experiência tem para oferecer”. Acrescenta ainda que a “determinação é a palavra chave”.